O Tratado de Tordesilhas, celebrado entre Portugal e Espanha em 1494, colocava o atual território paranaense, a oeste de Paranaguá, como sendo espanhol. Esta área, denominada Província del Guairá era povoada principalmente por grupos indígenas Guarani.
O início da colonização da Província del Guairá pelos espanhóis aconteceu em 1554, com a fundação da primeira vila espanhola do Guairá: Ontiveiros, às margens do rio Paraná. Em 1556 ou 1557 foi fundada uma segunda comunidade, Ciudad Real del Guairá, localizada na foz do rio Piquiri. Para lá foram transferidos os poucos habitantes que ainda restavam em Ontiveiros que, com isto, desapareceu.
Em fevereiro de 1570, o capitão Melgarejo fundou outra comunidade a leste de Ciudad Real, num local (em que hoje estaria localizado o município de Nova Cantu-PR) onde suspeitava existirem minas de ouro. No entanto, próximo a esta cidade o único metal encontrado foi o ferro, que era extraído de minas das redondezas.
Em 1598, o capitão Guzman determinou a transferência desta cidade para junto da foz do rio Corumbataí no Ivaí, onde hoje está o município de Fênix. Esta mudança foi considerada ruim pelos habitantes da vila, pois no local da primeira fundação existia abundância de recursos naturais e maior quantidade de índios, que trabalhavam sob o sistema de encomienda. A área urbana da segunda fundação tinha cerca de 300.000 m2 e ao seu redor existiam muitas chácaras para plantação de subsistência.
A principal atividade econômica na região era a extração da erva mate, que utilizava a mão-de-obra indígena através do sistema de encomiendas. No sistema de encomiendas um grupo de índios era confiado pelo rei a um colono e a seus descendentes pelo prazo de duas ou três gerações, objetivando que os protegessem e os instruíssem nos preceitos da fé católica. Ao final deste período os índios tornavam-se livres.
Os índios encomendados por espanhóis eram reunidos nos chamados pueblos, que se localizavam as margens dos rios Ivaí, COrumbataí, Piquiri e Tibagi, por toda a Província del Guairá.
O Estado espanhol tinha uma profunda ligação com a Igreja. Então, parece bem compreensível que em 1607, o governador do Paraguai, Hernandarias, tenha insistido na importância da catequização de tribos indígenas do Guairá, por serem numerosas em relação à quantidade de espanhóis, pois desta maneira se conseguira com maior facilidade a conquista da região. Nesta data Ciudad Real e Villa Rica tinham, respectivamente, 30 e 100 colonos espanhóis e ao seu redor havia cerca de 150.000 índios.
Assim, a Companhia de Jesus, incentivada pela Coroa espanhola, decidiu fundar algumas reduções de índios no Guairá, de tal forma que em 1610 ate sua destruição em 1632 pelos bandeirantes, Villa Rica teve em suas proximidades varias reduções, onde padres jesuítas tentavam catequizar os grupos indígenas da área. Embora antes da criação dessas reduções os padres jesuítas já percorriam o Guairá, inclusive possuindo uma igreja, casa e terrenos dentro da área urbana da segunda fundação de Villa Rica, é importante ressaltar que Villa Rica del Espiritu Santo em si não era uma redução, mas uma cidade colonial espanhola.
Desde 1585, os bandeirantes paulistas atacavam a Província Guairá para capturar índios. Em 1632, Villa Rica foi sitiada por três meses, e seus moradores fizeram a sua transferência para a banda ocidental do rio Paraná, sendo que alguns villarriquenhos mudaram-se para São Paulo. Com a noticia do cerco de Villa Rica, os habitantes de Ciudad Real abandonaram a cidade, ficando a Província del Guairá sob o poder dos bandeirantes paulistas, que, entretanto não a colonizaram.
As próximas notícias que se tem de Villa Rica são de 1770, quando o governador da capitania de São Paulo, D. Luis Mourão, enviou uma expedição ao Paraná, comandada por Francisco Lopes da Silva, que percebeu a impossibilidade de fixação de colonos naquele local. Depois desta tentativa, somente houve a efetiva fixação de colonos e a fundação de cidades naquelas circunvizinhanças a partir da metade do século XX.
Em 1896, o General Muricy juntamente com varias pessoas importantes no contexto político do Paraná, fizeram uma expedição à Villa Rica, pensando lá ser uma redução jesuítica cheia de fantásticos tesouros. O grupo partiu de Curitiba e ficou decepcionado ao encontrar no local somente ruínas de taipa, e apesar do grande número de buracos escavados foram observados apenas fragmentos cerâmicos e escória de ferro.
Em 1948, o governador Moises Lupion promulgou a Lei nº33, que proporcionava proteção a 10 áreas consideradas remanescentes de “reduções jesuíticas”, reservando como área mínima 121 hectares de terras devolutas. Estas áreas seriam as de: Vila Rica, São Tomé, Arcângelo, Santo Antonio, Jesus Maria e Guairá. Destas 10 áreas, duas eram Ruínas de cidades coloniais espanholas do século XVI: Villa Rica e Guairá; e a única das 10 que atualmente está inserida em um Parque Estadual é a de Villa Rica.
Atualmente pelo menos uma parte da população de Fênix, e mesmo das regiões vizinhas reconhece que as ruínas de Villa Rica constituem uma herança coletiva, e percebem laços de continuidade com o passado. É como o pássaro Fênix, que deu origem ao nome do município, e representa algo que renasce na memória da comunidade local: a historia das populações que habitaram aquela área no passado.